sexta-feira, 3 de junho de 2011

Minha Casa Minha Vida

 
A foto acima é da casa onde morei uns bons anos da minha vida lá em Sena Madureira. Depois compramos a casa do lado, mas ela continuou sendo nossa até que nos mudamos definitivamente para Rio Branco. Por mim jamais teríamos vendido.
Da última vez que passei por lá, a outra casa tinha sido demolida para construção de uma nova, em alvenaria. Parece que essa aí teve ou terá o mesmo fim.
Para os outros pode ser uma casa velha, simples de madeira. Não para mim. Era minha casa. Foi construída pelo seu Hugo, um dos melhores mestres de obras que o Acre já teve. Lá nasceram e cresceram os filhos do seu Hugo e da D. Raifa, minha professora Latife, Margarete, meus amigos Céia e Abib, o professor Haroldo Alexandre lá da Ufac, só para citar alguns.
O terreno dessa casa é enorme. Tem 30 metros de frente e, salvo melhor juízo, 70 ou 80 metros de fundo. Hoje é praticamente uma chácara. O terreno do lado, que era a casa da Latife e depois foi nossa casa, também tinha o mesmo tamanho.
Cresci em um quintal que tinha da goiabeira à pupunha, passando pelo açaí, manga, ingá, cajá, azeitona (da Amazônia) e um grande bambuzal no final do terreno. O cacimbão era fundo. Puxei muita água no bulinete (como se escreve?) Uma coisa linda de se ter. A casa tinha uma linda varanda que ia da porta principal até a cozinha. A sala era enorme. Só não gostava de varrer o quintal. Era muito grande. Pior era varrer debaixo da casa com vassoura de açaí. Mas não reclamava.
Na minha época, a casa era linda e bem cuidada. Minha mãe plantou roseiras no quintal. Brancas e vermelhas. Tínhamos espada de São Jorge, Crista de Galo e uma infinidade de plantas de jardins de interior que eu não sei o nome, mas reconheço por onde passo.
Olhando hoje, reconheço na casa não só as boas lembranças da minha infância na Quintino Bocaiúva lá pertinho do Cafezal. Reconheço uma casa típica da Amazônia. Uma casa típica de um Acre que não existe mais. Um acre soterrado em nome do progresso e do cimento que esquenta as casas e abafa as pessoas. Tive uma infância abençoada, graças a Deus neste lugar. As pessoas podem destruir as casas, os jardins, mas jamais destruirão a memória e a lembrança. Pelo menos não a minha.


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