quarta-feira, 6 de abril de 2011

UMA SAGA DE IMIGRANTES

Ganhei de presente do amigo Marcos Vinícius das Neves, uma preciosidade. Trata-se do livro Dinheiro na estrada, uma saga de imigrantes de Emil Farhat. Fiquei encantada com o regalo.
Cedro, símbolo do Líbano
 As falas da matriarca libanesa que permeiam a história e as cartas de seus filhos que vieram para o Brasil – provavelmente no mesmo período que veio meu avô-, são de uma riqueza ímpar. Não bastasse a importância histórica pessoal, ainda tem trechos interessantes da história do Acre do início do século passado, quando por aqui chegaram os primeiros Mohameds, Nagibs, Salims, Daou's, Nassifs, Ales, e Mustafas e etc..
Descobri na primeira página uma poesia de rara beleza. É, na verdade, uma linda oração de gratidão ao Brasil. Há mais libaneses no Brasil do que no Líbano. Em sua grande maioria gente de boa cepa. Não são terroristas em potencial como querem fazer crer alguns. Faço minhas as palavras de Elias, afinal, sou neta de um destes muitos homens que por aqui chegaram, casaram e ajudaram a construir a nação brasileira.
Um adendo: O cedro está para o Líbano como a seringueira para o Acre. A diferença é que os libaneses se orgulham de sua árvore símbolo, presente inclusive na bandeira do país. Sua força, importância e imponência  foi cantada em prosa e verso por muitos autores. Também teve grande destaque nos escritos bíblicos.  

Eis o poema de Elias:
Se cortássemos todos os cedros do Líbano
- e os cedros são nossa fonte de inspiração;
e com eles erigíssemos aqui um templo
cujas a torres atravessassem as nuvens;
se arrebatássemos de Balbeck e de Palmira
os vestígios de nosso passado glorioso;
se arrancássemos de Damasco o Túmulo de Saladino,
e de Jerusalém o Sepulcro do redentor dos homens;
se levássemos todos esses tesouros
a esta grande nação independente
e a seus gloriosos filhos;
sentiríamos que ainda assim,
não pagamos tudo que devemos
ao Brasil e aos brasileiros.
Elias Farhat – setembro de 1922
Com estes versos, o poeta árabe Elias Farhat, que viveu quase toda a sua vida no Brasil, foi o vencedor do concurso promovido em 1922 pelos sírios-libaneses de São Paulo. O poema seria gravado em bronze, na base do monumento com que a colônia homenageava o 1º centenário da independência do Brasil. Os versos foram traduzidos por Afonso Bagib Sabbag

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